Ser mãe é também passar por momentos de tristeza, culpa e dor. Na verdade, acho que todo o tempo. E eu, eventualmente, me consumo com isso. É difícil a beça aceitar que nossos filhos, meus filhos no caso, tem o seu próprio caminho... mas, olha, não quero dizer isso pelas escolhas individuais que eles fazem, que os orientam para o bem ou para as coisas boas. 

Quero dizer dos erros, dos tropeços, das dores mesmo. Porque é certo que, como mãe, a gente não quer mesmo ver filho sofrer. E eu não queria que os meninos passassem mal em nada. Mas, eu já entendi que minhas asas e ações não alcançam pra cobrir tudo o que precisa ser coberto. Não mesmo.

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E além disso, então, eu cometo ERROS. Erros grotescos, às vezes, erros bobos em outras. Erro coisas que eu não poderia errar. E, basicamente, isso vira uma grande razão para eu me ver como responsável por tudo o que está errado na vida deles. E, claro, errado sob minha opinião e perspectiva, sob a análise de quem já viveu tanto. E eu me machuco pq não quero machucar os meninos.

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Queria ser a grande provedora, a grande acertadora das coisas. A que percebe tudo.

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O pai dos meninos sempre dizia que eu tinha dificuldade em olhar as soluções pela perspectiva de outras pessoas, do que elas eram capazes de ver como solução. Acho que foi a primeira pessoa que me disse isso, quando falávamos de minha irmã. Ele dizia que as soluções que eu apresentava pra ela, serviriam para mim e não para ela. Essa fala dele não ajudou a mim, não ajudou a ela. E olha onde estamos. Talvez, só "talvez", se eu tivesse feito do meu jeito, talvez não estivéssemos onde estamos.

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Em todo caso, os filhos cá estão. Sob MINHA responsabilidade. E até porque, de alguma forma, ele mesmo se abdicou de estar presente (pelas escolhas todas que ele fez). E eu vou, SOZINHA, arcando com as paradas todas.

Enfim, perdi o prazo de matricular meu filhote mais velho no Ensino Medio Estadual.

E ele por si mesmo, acabou perdendo, ao longo do ano, chances atrás de chances de conseguir estudar e entrar em escolas via Bolsas de Estudos ou via prova. Ele se esforçou mais agora no final do ano. Mas, no balanço, não foi o suficiente. Como explicar isso pra ele? Que não foi suficiente? Eu digo, à maneira de uma mãe direta e que sabe muito bem o que é se esforçar pelas coisas. "Filho, é importante se dedicar mais pra que o resultado seja o que você espera. Eu entendo que, para você foi bastante esforço mas, tem muitas outras pessoas correndo atrás, junto."

Ele não entende as matérias, tudo parece difícil pra ele, exceto os jogos, nos quais ele se torna exímio. E exceto essas relações complexas que ele está estabelecendo com os amigos, as relações humanas, o entender quem ele mesmo é. Eu queria poder prover muito mais pra ele, muito mais condições. Mas, não consegui ainda chegar a esse ponto.

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E aí, a gente vai, cometendo acertos e os erros no meio de tudo.

Espero no andar das coisas, daqui alguns anos, perceber que não foi tudo em vão. 

Espero não descobrir tarde demais o que precisa ser descoberto. Perceber o que precisa ser percebido.

Espero também, conseguir pegar mais leve comigo mesma. Sei que tento dar conta de muita coisa. E eu sei que não vou dar conta de tudo mesmo. Mas, que eu sempre consiga fazer o melhor possível. O melhor que dá.

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Vou tratar de arrumar solução pros erros que cometi.

Haja esperança.

(Foto de Brett Jordan: https://www.pexels.com/pt-br/foto/conceitual-abstrato-cartas-letras-6700363/)

Ser velho não é fácil não. 

Uso o adjetivo no masculino mesmo porque assim manda a minha mente enquanto escrevo. Não é fácil. E falando da perspectiva de quem está envelhecendo, eu diria. Porque ainda não sou, não estou velha. 

A minha idade corporal talvez não corresponda à minha idade mental. Ainda que eu, hoje, me reconheço muito mais como uma pessoa madura, sei que o corpo não anda exatamente bem, ainda que tenha melhorado bastante nos últimos meses.

Aaah, os exames voltaram pro lugar.

Praticamente todos. 

Praticamente.

Sim.

Um deles deu uma alteração, um cistão de 5.5cm x 3cm x 4.5cm apareceu e meu ovário está 15x maior.

E eu no climatério. 

Caceta.

Será que é climatério, porra?

A vontade é de falar palavrão mesmo, sei lá quando foi a última vez que eu escrevi palavrão nesse blog, isso não é muito parte do vocabulário costumeiro mas, como no começo da postagem, é assim que a minha mente está mandando as palavras hoje. Na lata. Bateu uma dúvida gigante. Será que é? 

Parei de tomar a medicação. Não consigo acesso à médica. Tenho uma palavra da Dra enquanto fazia o meu exame, no sábado passado, que me confortava dizendo que não parecia maligno, que parecia um cisto que aumentou de tamanho. E ela foi honesta quando perguntei se ia precisar de cirurgia: "sim mas, não é invasiva... é uma sonda. fala com a sua médica".

Corta. A mente imagina a perda do ovário. A mente imagina ter que fazer cirurgia (nunca fiz - só extração de ciso hahaha). A mente imagina mil histórias e isso é o tipo de coisa que a gente sabe que precisa só se atentar aos fatos: e a médica, acho que só segunda que vem (hj é véspera de feriado).

Partiu trabalhar a mente. Partiu tentar fazer o corpo não parar de se auto cuidar, reciclar. Partiu tentar não piorar as coisas fazendo escolhas que me prejudicam. 

Penso que milhões de mulheres recebem diagnósticos melhores, piores e iguais a esses, todos os dias e que estamos sempre em busca de formas de continuar vivos e saudáveis para poder curtir esse trisquinho de vida. E eu sou tão segura da vida. E acho que isso é um problema. Ou não. 

Pq ao ser tão consciente da vida, eu estou também sempre vislumbrando a morte. Mas, não na morte de um jeito trágico: pensando e vendo a morte como um grande motivador da vida... da razão em si para contiuarmos a fazer escolhas que façam essa nossa trajetória suave. E eu pensei agora... a minha trajetória não tá suave. Acho que nunca foi. Se eu morresse agora, ia deixar uma locuurinha pros meninos administrarem, pouco dinheiro pra eles crescerem, pouco recurso para se organizarem, muito papel que possivelmente iria pro lixo e muitas ideias que nunca sairiam do papel.

E como é que saí de me sentir velha, passando pela questão da saúde e vim parar nessa conversa de morte. Parece que tá tudo ligado. Há 20 e poucos anos quando comecei a escrever esse blog, não havia essa sensação estranha, esse clima de alteração. Havia sim, uma dor do mundo, de carregar e sentir todas as coisas, uma ansiedade pela própria vida que estava me invadindo e que eu precisava, sabiamente, sangrar em palavras, me cortar em frases para não seguir por caminhos vãos e sem volta, sem significado.

Tô aqui pensando se passo por tudo isso (que não é nada) sozinha de novo. E pensando em tudo o que vem. Sozinha? Sempre? Esse ano, dois médicos me perguntaram: quem é que cuida de você?

Enfim... aí já é tema pra outro post. 

Foto de Carsten Kohler no Pexels: https://www.pexels.com/pt-br/foto/natureza-ao-ar-livre-outdoors-murcho-7243423/

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e, como contei aqui na semana passada, eis que iniciei um tipo diferente de terapia. e o impacto está sendo tão grande que vai servir de falar disso em dois posts.

afinal, eu que me entedio rápido e que vinha buscando desafios... celebro quando encontro. Porque não? 

Afinal, quando é que vou novamente sentir o salto da alma em busca da auto superação, rumo ao entendimento ou mesmo, à descoberta desajeitada de que continuo sem saber muito porque a vida é profundo mistério?

e eu, que me deparei com a psicanálise, abordagem do meu terapeuta, meio que adaptada ao remoto (me explicou outro dia, o Dr Paulo). Ele me explicou que tradicionalmente a psicanálise se faz em divã. Um dia chego lá... 

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e resulta que estou feliz porque tenho como vislumbrar a possibilidade de sair de um estado de isolamento que, de alguma forma, eu sempre acabo desenhando para mim mesma. enrolada nos fios das conjecturas e do pensamento, acabo me enrolando e construindo muros bem tramados que me impedem de realizar contato.

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da forma que está posto, poderia dizer: viva o momento. 

e tudo seria tão simples. porque é.

primeira vez, em anos que tenho a sensação de estar novamente descobrindo algo.

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tive um ímpeto de fazer um bate folhas na casa, logo após a gira de pretos velhos, homenagem a Nanã, em que refiz a conexão com os meus guias e pude ser facilitadora para a minha preta velha que pôde, em paz, confirmar seu ponto. comigo entre lágrimas. lágrimas de emoção... e após esse bate folhas, após esses movimentos, após tantos pequenos alinhamentos, eu consegui sair pra caminhar de manhã. ah, isso não contei no post da semana passada.

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ainda sobre essa coisa de riscar o ponto, tenho estado muito imersa nessa questão de entender melhor o que a espiritualidade quer de mim, o que eu quero dela e como podemos entrelaçar os trabalhos em prol de fazer as coisas melhor. eu quero ver, quero sentir, quero permitir, quero estar.. e acho que não quero, só sou, só é. me abro e entrego. e estudo. leio. 

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de manhã, real. de semana passada pra cá, me levanto e vou. a energia continua firme, chama acesa.me levanto e ainda tenho a certeza do momento de que devo sair pela porta e ir caminhar. e vou. e isso, amigos, parece que levou muitos anos pra voltar a acontecer. era o que eu vislumbrava há meses, talvez anos que eu poderia fazer mas, não conseguia senão deixar o corpo permanecer em estado constante de inércia enquanto a mente sonhava. Estava relendo um texto, que virou post aqui, exatamente sobre isso. 2021.

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e, tão bonito perceber-me com tamanho alinhamento, que nem pestanejei: era pra ser e eu estava lá caminhando pelo aterro em dia tão bonito. E assim foi. No dia anterior ao meu aniversário, lá estava eu de novo. e de novo, a sensação... estou de volta. com muito trabalho a fazer, com muitas missões a cumprir mas cá estou eu.

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E lá vamos nós. 

Viva a Vida.

Viva a Umbanda. 

Viva a Psicanálise. 

Viva esse tantão de alinhamentos.



Hoje eu acordei com uma energia renovada. Por alguma razão, tava com sentimento de dever cumprido e senti vontade de ir pra rua caminhar. Uma sensação estranha visto que há meses venho tentando sair de casa de manhã, sem conseguir. 

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Fui e foi uma delícia. Uma hora de caminhada, sem precisar de fones de ouvir, apenas escutando o meu arredor. Vendo as pessoas que acordaram cedo e se desenrolaram pro mesmo lugar. Tantos carros de gente indo trabalhar. Tantos pais e mães e cachorros se movendo juntos, focando no seu bem-estar. Motivações diversas. E eu... lá. 

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Depois, terapia. Comento isso, de maneira ordinária, aqui, simplesmente porque a terapia tem me feito bem. Eu optei por seguir esse caminho diferente: terapia na linha da psicanálise, com um homem. E, com isso, encontrei o Dr Paulo. Pra "mode" me desafiar a cutucar as mesmas coisas sob outros pontos de vista. E é curioso como essa energia renovada me fez pensar por um segundo que, eu não precisava de terapia. Ele me disse do valor de estar no PRESENTE, de perceber o momento. E, eu me sussurrei no ouvido mais uma vez:

Carpe Diem.

Carpe Diem.

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A minha mente, que anda quilômetros à minha frente, que me faz sentir, sorrir e sofrer por antecipação, mas que me salva também de infortúnios vários, precisa conseguir ficar mais no AQUI. No AGORA. Temos falado da possibilidade de vislumbrar o insucesso e se preservar de algo que seria ineviável... pela natureza do mundo, pela natureza do que nos faz humanos... o fim, o acabar, o término, a quebra... de alguma forma isso é parte dos ciclos e da natureza desse plano. daí, exercitar mais o experimento com o que temos dado aqui. aqui (digo eu agora, pegando em minhas próprias mãos, na carne do meu braço, pra eu sentir que estou aqui. AQUI.).

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E isso, antes talvez até, me fez lembrar que assisti o primeiro filme da Trilogia do ANTES. Vitor insistiu e me avisou durante meses que seria bom de ver, que eu entenderia coincidências com a nossa história. Eu levei dias refletindo no filme até contar pra ele que eu vi. Até questionei a mim mesma se eu deveria contar que vi. Poderia simplesmente não. Talvez devesse não. Mas, sempre parece que há uma razão pra gente interromper o silêncio. Especialmente da minha parte. Mesmo que outro dia, eu não gostasse mais dele. Mas, foi interessante ver o fluxo da conversa dos personagens do filme acontecendo. E ao final, uma analogia que sempre fiz a ele, sempre usei como exemplo: parece que a gente marcou um encontro na estação de trem pra seguirmos viagem juntos. E ele não apareceu. Eu esperei. E ele não apareceu. E eu, sem opção, parti sozinha pra viagem. Por que ele não apareceu.

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O casal do filme se conhece num trem. A jornada de suas vidas. Estrangeiros. Como sempre somos quando seguimos por terras desconhecidas. E eles conversam, se divertem, se entregam, se conectam. E com isso, estando conectados mesmo sabendo que estarão separados, desejam que o instante se estenda... se estenda mesmo sabendo que eles não podem. E numa perspectiva de não ter um ponto final, eles estabelecem reticências... uma pausa... uma espera... até que a história deles, a jornada juntos possa se estabelecer novamente.

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Eu não sei o que ele achou de eu ter visto o filme nem do que eu disse que achei da história.

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As nossas conversas não são fluidas há um tempo. Acho que ele está passando por questões, assim como eu. E elas não tem a ver comigo, não são da minha conta. Ao fim da jornada, não somos amigos. E talvez seja isso que machuque um pouco. São tantos e tantos anos para não sermos sequer amigos. Agora 21 anos. 21, caceta. Nos conhecemos em 2002. E eu, que comecei a escrever esse blog em 2001, estou até hoje escrevendo sobre ele. Aff. FIM, por hoje.

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Mas, fim apenas de falar dele.

Eu consegui deixar as energias da Umbanda me circularem, consegui permitir fazer o que o bom senso da pessoa iniciada pediria: limpar sua própria casa, cuidar da minha própria cabeça. E, minha preta velha... (na verdade, eu sou dela) pôde confirmar seu pontinho. Agora, não sei que caminhos se abrem, agora, não sei que caminhos virão. Mas, talvez eu já esteja preparada para caminhar esse caminho que nunca trilhei. Eu não quero pensar mais nisso, pq a minha tendência é a de acreditar que eu sou uma farsa, não é?

Mas, já tive tantas provas do trabalho da espiritualidade na minha vida que não cabe nem duvidar.

Estou me lembrando aqui da última gira, mas quero um post só pra falar daquela experiência. Mesmo que fora de ordem, acho que valerá a pena escrever sobre ela. Eu já escrevi, na verdade, nos meus cadernos. Vou resgatar e digitalizar.

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Aí, eu volto.




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