My boys, you know I think I'm cool...

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Hahahaha sim, na perspectiva do tempo, acho uma babaquice eu não ter consciência plena de como sou cool, de que tenho bom gosto, de que sei aproveitar o tempo e a vida, que sou criativa, gente boa, de coração grande, generosa, amável, intensa, esperta, rápida no gatilho. 

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Quando escuto aquela música da Whitney Houston, I'm every woman, it's all in me... Anything you want done baby, I do it naturally... parece que é isso aí, é como sou, quem sou, pra onde vou. Eu me sinto uma pessoa ótima, querida, legal, espirituosa, fogosa, incrível baby.


Mas, aí vem o mundo.


HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA HA


Acorda, garota.


E eis é como me sinto importuna, imbecil, fraca, incapaz de fazer as coisas direito, arrogante, espaçosa, preguiçosa, ansiosa, "pró-ativa demais", intransigente. Sempre uma porta na cara, sempre um "aqui você não pode entrar", um "amiga, você já pagou sua parte?", sempre um "quem você pensa que você é?" ou mesmo aquele clássico chamar pra almoçar pra me dizer "o que vc quer eles não vão te dar...". 

A lista de exigências para eu pertencer aos lugares só não parece maior do que a lista para permanecer nos espaços e mais ainda... a lista para progredir nos lugares é gigante. 

A progressão, por sua vez, eventualmente chega quando tenho algo a oferecer. 


Enquanto escrevo, infelizmente, são muitas as experiências que vem na minha cabeça.


Como quando o "amor da minha vida" me diz: "com você eu vou ao céu mas, tenho medo de cair de lá (ou algo que o valha), por isso vou ficar com a fulana que me traz mais segurança". Ou quando o job termina lindão depois de dois anos de convivência, muita luta e muito perrengue e o chefe me diz: "foi ótimo, ficamos no orçamento, deu tudo certo mas, você foi instransigente." Ou ainda, quando sou demitida por ser "pró-ativa demais, preciso de alguém que fique debaixo da minha asa". Pra não contar até com a evolução espiritual onde o responsável pelo trabalho espiritual deixa claro que "talvez eu não seja um tutor espiritual adequado, não tenho formação que me assegure como proceder em meio a tantas variáveis.


Quando o meu pai me perguntou se aquele americano que o pai dos meninos acreditou que eu tinha um caso, estava pensando em realmente vir para o Brasil, eu perguntei a ele: "você não viria?" E, meu pai, sem pestanejar mas, um pouco sem jeito, me disse: "Não... Não."


A vida vem me afirmando desde quando nasci que tudo o que eu penso de mim é uma grande farsa e um grande invento da minha cabeça. E, mesmo que eu queira desconstruir tudo isso, é muito difícil, tem sido muito difícil. 


Tem uma série de questões nas quais fui me dando conta ao longo do caminho... como ser mestiça de negros e indígenas num país racista a beça... como ser mulher nessa sociedade patriarcal, mais que qualquer coisa. Como não vir em berço de ouro, nem ter a sorte de nascer numa família onde as pessoas primam pela sanidade mental e pelo afeto, mas, que ao invés, escolhem os vícios e às viscissitudes para fazer escolhas duvidosas e permeadas pela raiva, pelo destempero e pelas ilusões do cotidiano.


Há quem possa dizer: olha ela reclamando, a vida se faz por si só com a sua própria força de vontade e seu mérito e seu esforço... E eu digo, sim! FATO! Olho de onde vim e sei o quanto eu alcancei.


Mas, infelizmente, é com muita dor que muitas vezes eu só consigo me sentir ilegítima. 


I-le-gí-ti-ma. 


Acho que é a primeira vez que me refiro a mim mesma com essas palavras. Não só escritas. É a primeira vez que coloco nome nesse sentimento de MIM para MIM. E, confesso, acho bem triste. Porque... lembra como comecei falando de mim mesma? 


Não tem nada muito concreto nem duradouro na minha realidade que sustente aquele sentimento todo, as opiniões de mim pra mim mesma. Tem talvez os meninos, meus filhos... (mas, um deles já chegou na adolescência, num mood eterno de mesclar tentar me enganar com me xingar e me colocar pra baixo pra ele se sentir colocando sua revolta pra fora... típico adolescente.... Eu que não tive meus pais presentes para fazer isso e precisei engolir tudinho pra dentro, hahahaha letras pequenas mesmo, ok?)  Só que filho não conta... na verdade, não contaria nenhuma opinião externa.


(to be continued).

Image by storyset on FreePik

AAAAAAH, acho que é hora de vomitar. O tempo começou a correr rápido demais.

Ainda não sei se é efeito da idade em si. Talvez tenha passado da curva de subida mais lenta para, de vez, escorregar, à velocidade vertiginosa.... 

Adrenalina da vida… O fato é, que tá passando. Rápido demais. Too fast. Too furious.

Algo em mim, por outro lado, só quer vomitar, se renovar. Voltar um pouco no tempo, talvez. Tento não flertar muito com esse sentimento, mas estou vendo, esquisito à beça, eu estou me vendo e me afastando um cadinho só (por enquanto) da curva da vida, da dinâmica... Idade.

A pele não é mais a mesma. Mas, outro dia, vi meu rosto no espelho e me senti jovem. Ainda vi uma jovem ali nas entranhas da pele que ainda só quer, cair... 

Perguntei ao meu filho: "você acha que a mamãe tá ficando velha?" e ele, jovem Nohê, me respondeu "Não.". Eu pergunto, "Tem certeza? Diz a verdade."(eu sou terrível) e ele faz um muchocho "É..." hahahaha 

A perspectiva do jovem é outra, impressionante. Às vezes tento lembrar como era e me 

Eu primeiro acreditei que aos 30 estaria acabada. Em algum momento achei que aos 30 estaria madura e resolvida. Aos 30 tive meus filhos e percebi que a vida só começou aos 33 de verdade. 

Mas, hoje, aos 43, enfrentando tão cedo os calores da maturidade (minha trajetória não é bolinho, my friends) eu sinto que o tempo foi voraz comigo. Não sei se passou rápido assim pq amadureci tão cedo (infância roubada, adolescência muito rápida, senso de autorresponsabilidade precoce) que a vida me salvou tempo pra curtir daqui a pouco (ainda) ou se tá chegando ao fim mesmo.

Fato é que nem bem me adapto a um corpo, nem bem me acomodo numa casca... Tão pronto a vida me convida a sair logo... logo, logo! vai, vai, já vai sem tempo... e estou eu, metamorfose transante ambulante mirabolante, me adaptando a tudo de novo...

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E assim lá se vai mais um ano, muitas promessas de voltar a escrever. 

De transcrever alguns textos que ficaram perdidos aqui pelas notas do computador, do celular, dos cadernos e papeis perdidos. Acho que sinto ainda vontade de sangrar, de vomitar palavras ao vento, pelo ar, nos papéis, pelas tintas de canetas e teclas ao digitar. 

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De agora volta em sempre, que eu sei que o tempo passa e não volta mais.

Por isso, enquanto eu puder e ainda me lembrar de como se escreve, de como se tira sentimento de dentro pra fora, vou continuar escrevendo. Aos poucos, quem sabe se consigo rechear aqui um pouco mais, com mais ideias e palavrinhas... pra memória dos que virão me ler um dia no futuro.

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