Tem dias em que me sinto imóvel

Tanta coisa a fazer diante dos olhos

Diante da vida

E eu me dou ao luxo de

Simplesmente

Paralisar.


Paralisar diante da possibilidade de

Viver.

E falhar.

Assim, o mundo se abre dentro de minha mente.

Num infinito de possibilidades paralelas

Onde em todas, eu posso ser

Mais alegre, mais inteligente, mais feliz.


Mas, ainda assim, 

Quando desperto

Eu estou aqui

Inerte

Infeliz, gorda e burra. Imóvel. Incapaz.


E o chicote de autopiedade canta

Outra e outra vez.

Eu me aprisiono no mundo virtual.

E, enquanto a mente viaja

E se diverte em mil possibilidades

de amanhãs diversos

Eu me paraliso

Eu me angustio

Não me movo

E isso dói, dói tanto.

imagem: Elevação, de Wassily Kandinsky


Esses últimos dias têm sido muito esquisitos e eu venho me sentindo bem estranha. Por um lado, me vejo compelida a fazer as coisas que eu tenho que fazer. Por outro, eu me sinto muito compelida a ficar na cama, a dormir e me desconectar de tudo e todas as coisas. Acabo caindo no mesmo dilema de sempre, afinal, não tenho muitas escolhas... Seja por ter filhos, levantar é necessário. Trabalhar é necessário. 

Mas, definitivamente, nesses dias tenho me questionado se o que faço vale a pena... quais os motivos que me fazem trabalhar no que trabalho... se vejo finalidade no que faço... enfim, discussões existenciais. Adoraria já ter a tal da renda passiva rendendo no banco e me livrando da obrigatoriedade de TER QUE fazer determinadas coisas, inclusive de pensar no futuro.
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Algo que eu gostaria realmente é de simplificar tudo. SIMPLES. 
Porque ser simples dá tanto trabalho? Por que complicar as coisas é mais simples?
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Eu sinto que por um lado é toda essa conjuntura que me deixa com esse sentimento de impotência, estagnação e falta de perspectiva futura. As pessoas estão morrendo com falta de ar. Ou seja, o que é mais importante do que conseguir AR para essas pessoas? AR não deveria faltar, meus irmãos. Oras bolas... 
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Nessa perspectiva que eu digo, me voltar para o meu pequeno mundo, focar no meu... faz que sentido? Entendo que é justamente para a gente não adoecer, não se render, não sair estragado dessa situação. Mas, a verdade é que essa situação não passa. E eu, observando o que me é possível observar, percebo que não vai passar tão cedo. E aí, focar nas minhas coisas: CARREIRA, A PÓS-PRODUÇÃO, ARTICULAR POLITICAMENTE, START-UP de AUDIOVISUAL, bláblá... o que seja. Com  as pessoas morrendo de falta de ar... morrendo de fome... como é que esta preocupado com dar aulas de pós-produção pode ser importante. 
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Eu sei que as coisas não são por aí, que não adianta levar a ferro e fogo assim, que tudo vai passar. Mas, é que realmente não pensar que a maior lição de toda essa pandemia acaba sendo "quais são as verdadeiras coisas importantes na vida" é difícil. E para mim, hoje importante são: as pessoas que amamos, as pessoas que cuidam de outros e do planeta, o cuidado com a própria espiritualidade, com o entorno e com o planeta. Sinto muita falta dos encontros presenciais com a espiritualidade e acredito que talvez eu esteja faltando com o auto-cuidado nesse sentido.
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Enfim, gente. Eu precisava escrever um pouco sobre isso.
Não está fácil ver tanta gente sofrendo. Tantos políticos e gente rica sambando na cara da sociedade. 
Sei que tem muita gente trabalhando para evitar que as perdas sejam maiores. E sei também que eu, hoje, não consigo me juntar a elas. E entendo que talvez seja disso que venha a minha impotência e infelicidade agora. Ficar em casa, acuada, sem poder me mover, não é exatamente o que eu (nós) gostaria (íamos) de fazer não é?
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