Estou escrevendo umas histórias, uns roteiros, umas coisas aí... fora o que eu escrevo aqui no blog, escrevo bastante só para mim, um pouco para algumas pessoas (em cartas que muitas vezes não enviei) e há algum tempo, tenho conseguido colocar no papel, idéias que antes só me vinham em imagens e sons, no meio da noite, no meio da madrugada em forma de sonhos mas, principalmente, na minha observação diária, nas pessoas, nas coisas, enfim, no próprio cotidiano de tudo. No fim das contas, o que escrevo aqui no blog é, na grande verdade, o meu maior exercício para a exposição das minhas idéias, pensamentos, fingimentos (o poeta é fingidor...)... coisas que são de alguma maneira tão minhas, tão íntimas; coisas que a grande maioria das pessoas preferem deixar às escondidas, guardadas para rememorações futuras e esparsadas... claro que ainda mantenho minha intimidade literária (oh, me sinto no direito da afetação de utilizar esta palavra... "l-i-t-e-r-á-r-i-a") mas, de alguma forma escolhi trabalhar com a exposição de algo muito particular, muito de cada um de nós, muito próprio e individual: o PONTO-DE-VISTA.
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expor o ponto de vista, ter opinião, saber ponderar, processar, organizar e, principalmente verbalizar aquilo que todo mundo pensa e sente, de alguma maneira no decorrer do dia ou da vida; colocar em palavras e imagens o que é abstrato o que não se pega o que se sente, adicionando uma pitada de ritmo, de compasso, de rima, de impulso nervoso... divulgar o que é particular enquanto
o é...porque esse particular é peculiar de uma maneira um pouco esquisita porque não passam de particularidades gerais e comuns a todos... o ponto de vista...aquele dicionário "tudo", o houaiss, dá algumas definições. a mais próxima do nosso assunto seria "recurso literário que tem a finalidade de situar o narrador no âmbito da obra" mas, eu prefiro uma outra que diz "(...) perspectiva; 3. lugar alto de onde se avista, de uma só mirada, uma vasta paisagem".... essa tem mais a ver com algo que sempre se passou comigo...
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durante muito tempo, me senti e vivi como se eu estivesse "sentada no canto superior esquerdo da sala, a observar tudo o que se passa, enquanto vivemos". Eu me sentia exatamente assim, voando sentada numa cadeira, sentada no canto superior esquerdo da sala sob qualquer ponto de vista. Não significava que eu não estivesse vivendo aqueles momentos mas, era como se eu estivesse um pouco fora deles, a observar, a colher informações, a guardar situações... hoje aquilo tudo me serve como uma referência absurda... era como se antes, eu me visse como uma narradora personagem mais narradora do que personagem.
como se eu ajudasse a escrever uma história. hoje em dia, vivo uma situação adversa. me sinto mais na situação de personagem do que de narradora. muita coisa do que vivo hoje depende dos autores... mas, me sinto com a capacidade de interferir no roteiro. sabe aquelas tiras do maurício de souza, meio metalinguísticas, onde a gente vê o lápis do cara que está desenhando e a mônica (a magali, o cascão...) conversa com o desenhista??


ISSO. exatamente isso.
ISSO. exatamente isso.
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daí, eu tô achando que vou trabalhar bastante agora e vou fazer algumas coisas legais. mas, daqui um tempo, viro escritora. viver de escrever.. eu, velhinha, sem rugas, sentada à frente de um i-mac moderníssimo, escrevendo histórias e roteiros...seria bem legal. o carlos heitor cony, o saramago, o garcía marquez, a lígia fagundes telles... eles devem gostar de fazer o que fazem...
eu também gostaria... pra quem gosta tanto de seres humanos, gosta tanto de suas manias medos magias loucuras angústias dramas agruras idas vindas revoluções... mas, NÃO SU-POR-TA a convivência desgastante da rotina com eles, a fofocaria, a falta do que fazer de muitos cérebros desocupados, uma grande parcela de humanos que adoooooooram cuidar da vida dos outros e não tem próprio PONTO de VISTA... nada melhor do que ser escritor.

Cineasta não, porque tem de trabalhar com equipe de produção e direção e mercado e isso é foda, muito phoda...

quero trabalhar com cinema mas, a não ser que a prática me diga o contrário, não quero fazer isso pro resto da vida. Aliás, nada eu quero fazer pro resto da vida a não ser poder andar, ver e falar bem...tudo o que é pro resto da vida corre o sério risco de virar rotina e a única rotina que eu poderia suportar seria a falta dela própria... mas, isto é assunto pra outro post..
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consegui ter de cabeça pelo menos duas coisas que precisam ser feitas pra um dia escrever bem:
1. conhecer a história passada do mundo;
2. acompanhar a história presente da humanidade.

desafios:
não se envolver, não se revoltar, não querer morrer e não perder a esperança no ser humano.

isso aí tem vários anexos, várias ações paralelas que EU acho interessantes... entre elas:
se entregar de corpo e alma ao amor, vencer os próprios preconceitos, quebrar paradigmas, questionar dogmas, ir além do superficial, olhar nos olhos das pessoas e dos animais, permitir-se, deixar-se, ir-se... não negar a felicidade e negá-la também pra saber como é. saber como é.

colocar-se no lugar de. respeitar limites alheios. aprender a fazer qualquer coisa que seja nova.

não respeitar os próprios limites (a não ser que sejam físicos ou que esbarrem nos alheios tb)...
observar, buscar e trazer as experiências para si... mas, não tirá-las dos outros.
questionar-se. passar a limpo. ouvir música. é... ouvir música é muito importante. tanto quanto dançar. beijar. abraçar.

(quantas vezes vc abraça as pessoas que vc gosta por dia? procures-as, abrace-as, beije-as)

questionar toda e qualquer barreira que reprima seus impulsos.
ajudar o outro a transpor barreiras. respeitar os entraves do tempo. respeitar o mar também.
observar e absorver tudo o que for possível. procurar manter o senso crítico mas, não a sanidade...
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não a sanidade.
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