Este texto poderia estar num outro blog... até deveria... mas, resolvi publicá-lo...não é engraçado mas, divirtam-se.
CARTA PARA CAMILA sampa, 29 de julho de 2001.
Faltam três dias para o meu aniversário e tudo o que eu queria neste momento era que essa data viesse e fosse como outro dia qualquer. Todos os anos o meu desejo é o mesmo. Fico passando a limpo tudo o que já fiz, o que tenho e no quão incerto é tudo o que ainda vem por aí.
Me sinto, às vezes como aquele hamster correndo na rodinha sem ir para lugar nenhum. Meus Deus! Acabei de escrever uma carta para o "R", sabia? Sim, achei que poderia ter sido aquele que ia me dizer: "Você está louca?!? Amar alguém não é isso..." E, então, me mostraria qual é o caminho, como é tocar alguém e fazer brotar de mim tudo aquilo que posso dar a alguém. Mas, ele também era um egoísta e não viu isso. Passou também. Como os outros.
Eu continuo indo às mostras sozinha. Ao cinema. Ao café. Ao bar. Ao trabalho. À minha casa. Sem beijo, sem abraço, sem sexo...Ops... Sem sexo, não. Ainda tenho o sexo casual, mal começado, mal acabado. Com algum carinho, algum beijo mas, egoísta. Animal.
E daí... eu trabalho. E sonho. E, a contagem dos meus anos seguem assim. Agora são 22. Sem dar nem receber, sem amar,
sem retribuir, sem ter saudades de ninguém. São anos de poema sem dono, lágrimas vazias de motivos e ciúmes do que não
possuo. Como pode haver no mundo 6 bilhões de pessoas e nenhuma pra cruzar meu caminho e me fazer perder o rumo de tudo?
Eu sei que devo transpirar essa carência e pessoas como o "C", o "E" e a "K" se apaixonam. Eles não sabem e só vão saber depois que EU sou uma egoísta. Não sei dar. Não sei trocar. Só quero receber. Deles, ao menos, só isso. Tem quem saque mais rápido como foi o "R" que logo cai fora. Ou ainda, tem quem fica e parece que gosta da eterna dúvida como é o caso do "CR".
Eu ouvi uma música do Cazuza que me cortou o coração: "eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida... nós na batida, no embalo da rede... matando a sede na saliva..."
a sorte da minha vida são mesmo meus amigos. Porque deles eu não peço mais do que eles podem me dar e nem eles a mim. E eu os amo tão plena e fielmente mesmo que a recíproca não seja verdadeira. Puxa vida, Camila... quanta coisa... tantas palavras negativas: ..............dúvidas... não... por que...nunca...triste....... sem contar as reticências............
E, eu NÃO sei PORQUE fico e estou à espera de alguém que me faça crer e me faça viver algo diferente e intenso. É aí que me
ENTRISTEÇO... Talvez eu tenha de viver mais 22 anos na solidão para aprender a amar. E a perdoar os outros por seus erros, por seus defeitos e medos. Coisas que eu não perdôo nem em mim!!! Tantas lamentações e tantas coisas lindas pra viver...
Passo a palavra a Vinícius:
de manhã escureço
de dia tardo
de tarde anoiteço
de noite ardo
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte
Outros que contem
Passo por passo
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço
___ Meu tempo é quando"
eu sei que me rasgo, que anseio, que desejo.... me vejo à espreita, suspeita, indireita... mas, eu só não quero, não espero, não sei... sei que por onde vago não há nome nem lei, não sei em que me apego, me esfrego, me nego. não te cobro resposta amiga mas, se quiser, me escreva também.
Eu só precisava sangrar um pouco a solidão com estas palavras... te aguardo!
Um beijo grande,
J. L.
