Dando a Real porque a Vida anda Difícil.
Outro dia, um amigo de facebook, o Anderson Quack, postou um desabafo foda. Daqueles de tirar o fôlego, fui lendo e fui sentindo. Falava sobre a tal síndrome de vira-lata que volta e meia a gente tem e nem percebe. Seguiram-se inúmeros comentários de "lindo texto", "poxa, daria um livro", qualquer coisa assim, ao meu ver, comentário desses clássicos de facebook, onde a gente lê mas, não pensa direito e curte... Diz que lindo! de imediato mas, não viu muito bem o que era ou só, olhou achou corajoso e passou.... o texto dele começou assim...
"Vejo muitos jovens sucumbindo pelo simples fato de não saberem quem são, qual seu papel na familia, na sociedade, por que não aprenderam o valor das coisas, às vezes faltou a avó falando no pé do ouvido "menino, menina, come pelas beiradas", às vezes faltou um pai presente, uma mãe que não fosse tão sofrida, isso tudo que vai formando a gente e que faz a gente se achar ou se perder tão cedo."
Comentei sabe.
Aquele texto era foda, era cru.
Caramba.
Ninguém percebia isso?
Como assim?
.
Ele postou um relato de quem vive na pele todo dia uma parte da vida real quem nem todo mundo quer ver. Ou vê mas, é melhor se for na tela do cinema ou na página de um livro. Ter contato com essa parte da realidade, muitas vezes, com a vida real mesmo, ninguém quer. Muitas vezes, a gente não quer encarar a nossa própria vida real e vai vivendo assim como dá.... ora conformismo para uns. ora superficialidade para outros. ora consumismo para uns. ora brigando o tempo todo para outros.
.
Eu sei o que é a vida real também. E eu não conheço o Quack pessoalmente, trabalhamos indiretamente no programa do Multishow o Vai Dançar, com a Suzuki apresentando... mas, não precisa mesmo sabe como é? Tem coisas que a gente se reconhece, a gente compreende os códigos certo? E do meu ponto de vista, a gente luta pelo bem, a gente luta por sobrevivência todos os dias... gente trabalha, a gente se esforça, a gente corre atrás. A gente, falando de mim e dele, ainda tem a sorte (sorte?) de estar num maisntream onde somos aceitos de alguma forma nessa ambientes artísticos e da comunicação.... e de uma forma ou de outra, mesmo assim a gente sente na pele a vida real...
.
A opressão tem muitas formas de se apresentar.
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Muitas vezes ela vem disfarçada de um pequeno olhar de desprezo ou no jeito petulante de alguém falar com a gente como se fossemos inferiores... Muitas vezes as pessoas não percebem...
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Aí, ele posta um texto enorme, cru, dando a real de um sentimento difícil "para caraleo", tá certo?
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E leio gente dizendo "que lindo"?
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Poxa que lindo é se sentir o cocô do cavalo do bandido na vida e observar o mundo dividido que estamos vivendo e ter a coragem de falar sobre isso? O relato é corajoso, antes de mais nada. Porque está postado aí, na rede social e ele não pede licença nem desculpas para falar disso. É um relato dolorido porque a sindrome de vira-lata é uma via de mão dupla. A gente sente mas, também nos enxergam assim... E foi assim que fui lendo e fui sentindo...
.
Eu, cada dia mais abandono e me distancio dessa síndrome de vira-lata.
Não me escondo mais atrás do medo de achar que vão me derrubar.
Não me escondo mais atrás de tristeza, de dor ou solidão.
E meu espaço é meu primeiro. E estão os meus filhos e eles merecem uma mãe inteira, linda, inteligente e confiante. E ser e sentir isso é o que posso fazer.
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Mas, sabe o que é o pior que acontece?
Ainda tem que me enxergue como vira-lata.
Quiçá porque me conheceu assim... quiçá porque me julga assim... quiça porque julga todos assim.
.
.
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Voltando aos comentários sobre o post-texto-relato do Quack, na minha análise, é como.... sabe filme que ganha Oscar mas, ganha Oscar falando da dor e do sofrimento dos outros? E aí todo mundo acha lindo e aplaude e dá um prêmio de ouro maciço pra quem foi lá e ganhou DINHEIRO falando a respeito do sofrimento dos outros?
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Então... tipo isso.
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E olha, nem critico quem faça o filme, quem retrate... Tem que retratar mesmo, tem que falar mesmo a respeito e, abrindo parenteses (porque nunca escrevi disso à epoca, estava deprimida demais para isso), foi bacana que nesse último Oscar, por exemplo, tenha acontecido tudo aquilo de SELMA e de Patricia Arquette... Mas, ainda assim eu paro e penso... de que forma foram reparadas as pessoas retratadas? De que forma as mulheres ganham poder naquele discurso?
.
A auto-estima do negro e do pobre dessse nosso país é muito destruída.
As cabeças estão carcomidas por conceitos e morais e valores que ajudam a essa auto-estima a ser empurrada pra baixo.
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E por mais que a gente se sinta poderoso e preparado... é uma luta!!
As pessoas NÃO ENXERGAM A GENTE COMO TAL.
.
Ou seja, o esforço é duplo.
.
Quem é que merece isso, meu irmão?
E é tanta entrelinha pra falar que eu passaria horas e infinitas linhas a respeito.
Volto a tocar nisso em algum momento.
...
...
...
...
Eu li hoje uma notícia e um post comentando a notícia que me lembra muito isso, com outro viés completamente diferente... o tal menino Cristian de 11 anos, condenado na Pensilvânia. Em tempos onde se fala tanto e estamos num país de mente conservadora, cheio de carências sociais e intelectuais, estamos prestes a aprovar a redução no país inteiro. Mas, fica pra outro dia. Pra outra inspiração.
"Vejo muitos jovens sucumbindo pelo simples fato de não saberem quem são, qual seu papel na familia, na sociedade, por que não aprenderam o valor das coisas, às vezes faltou a avó falando no pé do ouvido "menino, menina, come pelas beiradas", às vezes faltou um pai presente, uma mãe que não fosse tão sofrida, isso tudo que vai formando a gente e que faz a gente se achar ou se perder tão cedo."
Comentei sabe.
Aquele texto era foda, era cru.
Caramba.
Ninguém percebia isso?
Como assim?
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Ele postou um relato de quem vive na pele todo dia uma parte da vida real quem nem todo mundo quer ver. Ou vê mas, é melhor se for na tela do cinema ou na página de um livro. Ter contato com essa parte da realidade, muitas vezes, com a vida real mesmo, ninguém quer. Muitas vezes, a gente não quer encarar a nossa própria vida real e vai vivendo assim como dá.... ora conformismo para uns. ora superficialidade para outros. ora consumismo para uns. ora brigando o tempo todo para outros.
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Eu sei o que é a vida real também. E eu não conheço o Quack pessoalmente, trabalhamos indiretamente no programa do Multishow o Vai Dançar, com a Suzuki apresentando... mas, não precisa mesmo sabe como é? Tem coisas que a gente se reconhece, a gente compreende os códigos certo? E do meu ponto de vista, a gente luta pelo bem, a gente luta por sobrevivência todos os dias... gente trabalha, a gente se esforça, a gente corre atrás. A gente, falando de mim e dele, ainda tem a sorte (sorte?) de estar num maisntream onde somos aceitos de alguma forma nessa ambientes artísticos e da comunicação.... e de uma forma ou de outra, mesmo assim a gente sente na pele a vida real...
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A opressão tem muitas formas de se apresentar.
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Muitas vezes ela vem disfarçada de um pequeno olhar de desprezo ou no jeito petulante de alguém falar com a gente como se fossemos inferiores... Muitas vezes as pessoas não percebem...
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Aí, ele posta um texto enorme, cru, dando a real de um sentimento difícil "para caraleo", tá certo?
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E leio gente dizendo "que lindo"?
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Poxa que lindo é se sentir o cocô do cavalo do bandido na vida e observar o mundo dividido que estamos vivendo e ter a coragem de falar sobre isso? O relato é corajoso, antes de mais nada. Porque está postado aí, na rede social e ele não pede licença nem desculpas para falar disso. É um relato dolorido porque a sindrome de vira-lata é uma via de mão dupla. A gente sente mas, também nos enxergam assim... E foi assim que fui lendo e fui sentindo...
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Eu, cada dia mais abandono e me distancio dessa síndrome de vira-lata.
Não me escondo mais atrás do medo de achar que vão me derrubar.
Não me escondo mais atrás de tristeza, de dor ou solidão.
E meu espaço é meu primeiro. E estão os meus filhos e eles merecem uma mãe inteira, linda, inteligente e confiante. E ser e sentir isso é o que posso fazer.
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Mas, sabe o que é o pior que acontece?
Ainda tem que me enxergue como vira-lata.
Quiçá porque me conheceu assim... quiçá porque me julga assim... quiça porque julga todos assim.
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Voltando aos comentários sobre o post-texto-relato do Quack, na minha análise, é como.... sabe filme que ganha Oscar mas, ganha Oscar falando da dor e do sofrimento dos outros? E aí todo mundo acha lindo e aplaude e dá um prêmio de ouro maciço pra quem foi lá e ganhou DINHEIRO falando a respeito do sofrimento dos outros?
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Então... tipo isso.
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E olha, nem critico quem faça o filme, quem retrate... Tem que retratar mesmo, tem que falar mesmo a respeito e, abrindo parenteses (porque nunca escrevi disso à epoca, estava deprimida demais para isso), foi bacana que nesse último Oscar, por exemplo, tenha acontecido tudo aquilo de SELMA e de Patricia Arquette... Mas, ainda assim eu paro e penso... de que forma foram reparadas as pessoas retratadas? De que forma as mulheres ganham poder naquele discurso?
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A auto-estima do negro e do pobre dessse nosso país é muito destruída.
As cabeças estão carcomidas por conceitos e morais e valores que ajudam a essa auto-estima a ser empurrada pra baixo.
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E por mais que a gente se sinta poderoso e preparado... é uma luta!!
As pessoas NÃO ENXERGAM A GENTE COMO TAL.
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Ou seja, o esforço é duplo.
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Quem é que merece isso, meu irmão?
E é tanta entrelinha pra falar que eu passaria horas e infinitas linhas a respeito.
Volto a tocar nisso em algum momento.
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Eu li hoje uma notícia e um post comentando a notícia que me lembra muito isso, com outro viés completamente diferente... o tal menino Cristian de 11 anos, condenado na Pensilvânia. Em tempos onde se fala tanto e estamos num país de mente conservadora, cheio de carências sociais e intelectuais, estamos prestes a aprovar a redução no país inteiro. Mas, fica pra outro dia. Pra outra inspiração.
Miss Liquid
Miss Liquid é o codinome que escolhi quando comecei a escrever esse blog em 2001. Reflete a capacidade que tenho de me adaptar às situações e também os estados de espírito que posso percorrer: do mais frio (ou até gelado) até a ebulição, o fervor... Perspicaz, afiada, intensa, sagaz. Amorosa, sensível, mãe. Aqui me expresso plenamente, já que nas redes sociais, os caracteres são limitados e as mentes superficiais.
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