Talvez um pouco por eu achar que ele está com a timeline errada dos acontecimentos da minha na
cabeça dele. Talvez, um pouco por eu achar que tenho a razão das coisas. Talvez um pouco por ele estar me provocando numa área que sou pouquíssimo desenvolvida e que sinto dificuldades... que seria a parte romântica… mas, não só romântica… é essa coisa da troca de afetos, do se buscar o que se deseja, enfim.
.
.
.
A treta se resume ao fato de que parei de me importar com relacionamentos há um tempo. Há bastante tempo. E foi uma escolha bem consciente. Tinha o objetivo misto de eu poder me organizar como mulher que caminha pelas próprias pernas com autonomia financeira (que sempre tive, mas tava uma zona). E, de aprender a tomar decisões pessoais autênticas, sem pensar na opinião do outro. De trabalhar melhor a minha autoestima, buscando ser a melhor versão de mim por mim mesma (sem necessidade de validação externa). E, também, porque entendi que o tempo que eu gastava com relacionamentos comia uma parte significativa do meu dia e das minhas emoções. Em resumo, eu precisava aprender a ser por mim, pra mim e por/para meus filhos... e colocar FOCO nisso.
Devido ao meu histórico meio cagado de relacionamento co-dependente e das histórias intensas de amor que não se viabilizam mais seriamente porque aparecem as loiras ou porque são estrangeiros que vão pra longe (ou ambos), o psicólogo luta pra encontrar a origem de tudo em algum trauma. E ele quer me fazer pensar….. ponderar se estou fugindo de algo.
|
|
Nope, não estou.
|
|
Mas, sim, existem gatilhos e volta e meia eu me vejo com esse "medículo ridículo" de reviver mesmas histórias. só que tô consciente.
.
E eu, sou mega intensa, mega feliz, mega empolgada. Ao mesmo tempo, com a vida que tenho hoje, acho que sou ainda meio reprimida e excessivamente comportada (tem um post que falo das comportas - é sobre isso.)… Não me apego fácil, mas, me conecto em dois minutos com quem tem energia parecida com a minha, com quem desperta a minha curiosidade, independente de interesses sexuais ou de atrações fatais, sou curiosa mesmo.
E sei que tenho uma Miss Liquid popular dentro de mim que gosta de conversar, de metaforizar, olhar intensamente, mergulhar no outro, que ama rir, sorrir, dançar, beijar e abraçar as pessoas, admirando as entrelinhas da vida e saber das últimas novidades (já sendo, mas sem ser fofoqueira). Se eu pudesse estaria em todas as festinhas e rodinhas e rodaria por aí só vendo e vivendo… Mas, isso envolve muito julgamento alheio, envolve as pessoas acharem um monte de coisa da gente e eu tenho muita preguiça dessa parte do rolê. E eu nunca achei que isso combinasse com ser/ter alguém fixo, sabe… na minha mente isso foi assim sempre…. Estar 9 anos num relacionamento foi algo bem complicado nesse sentido. Eu talvez, em certo ponto, não tivesse relacionamento nenhum.
Na cabeça do psicólogo, claro, isso deve envolver algum trauma, deve ser alguma fuga… eventualmente até é. E eu acho importantíssimo pensar sobre isso. Mas, eu também não acho que valha a pena pensar que minhas escolhas foram feitas por fuga simplesmente.
SIMPLESMENTE.
Eu não acho que estou perdendo tempo ou mesmo perdendo algo quando escolho me cuidar, ficar comigo, abraçar a minha solitude com amor, com carinho, com amigos. Ou quando escolho meus filhos, buscando ter um mínimo de coerência em casa para educá-los melhor… eu não posso dizer que isso é fruto de trauma ou alguma questão desse tipo.
MAS, sim, posso assumir que talvez já seja hora de reconsiderar a decisão.
Primeiro, porque deu tempo de alcançar os objetivos. Estou organizada financeiramente, meninos estão grandes (inclusive namorando e me cobrando que eu também me divirta), porque construí meus espaços seguros e estou focada na minha carreira, nas minhas conquistas e coisas. E, sim, chega uma hora que é tanto “auto”, “auto”, “auto” que chega a vontade de se expandir, dividir. Chega a hora que é bom ser cuidada um cadinho. Tem dia que cansa comer a própria comida e não ter surpresa cercando os meus dias. Logo eu que amo festa, amo agito, amo fazer coisas diferentes e criativas.
Segundo, porque há fantasmas que não me perseguem mais. O distanciamento do Vitor é um obstáculo a ser saltado, superado, ele é uma ideia e a nossa relação é uma grande projeção minha, na verdade. Deveria, ser roteirizado… por mim. E, convenhamos, existiram outras histórias memoráveis, maravilhosas pessoas que conheci ao longo do caminho e que me trouxeram muito mais emoção, muito mais experiência, muito mais vida e muitas risadas a mais. Não só essa sensação estranha de ghosting constante cercada de mistério e proibição (repressão).
Terceiro, porque as assombrações que continuam ao redor, precisam sair à luz e só quando eu movimentar as coisas é que isso vai ser mexido também: existe uma musculatura do afeto que precisa ser desenvolvida, eu acho. Tem a ver com tudo aquilo que leio nos livros da Brené Brown talvez. Sobre amar intensamente e estar preparado para a queda, levantar e subir novamente. Tem a ver, talvez, com aprender com os erros, com insistir mesmo que se erre e seguir em frente, talvez? Hahaha tô falando de algo que não sei bem o que é. E tá tudo bem.
...
...
...
E tem as assombrações com vestes de medo, de expectativas e sim, de traumas passados. Esses são os que me enjoam, enojam e dão vontade de sair de perto. Porque só atrapalham o desfile e o aprendizado da vida. Mas, pelo jeito, vou ter que lidar com eles e criar roupagens novas. Talvez seja aí que o psicólogo queira chegar.
Vai saber.
Travar esse diálogo em uma hora de sessão não dá.
E talvez seja por isso que eu esteja elaborando aqui em linhas, sentindo pelos dedos ao longo do teclado.....