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Dessa vez, enquando a pessoa me dissa "vamos te desligar" eu só pensava "graças à Deusa", com uma pontinha de remorso afinal, quem quer ser demitido quando o mercado audiovisual está passando pelo que está passando. Mas, eu sei: o tamanho das encrencas que eu me deparo todos os dias por lá + todas as dificuldades e todas as esquisitices que foram sendo colocadas... não estava sendo para mim.
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Sem contar com o fato de que eu estou vindo de uma batida muito mas, muito louca de lesões e machucados. Começa pela sinusite grátis logo na semana em que Camila chega em casa. Passa por uma entorse na encruzilhada a 50 metros de casa, que me deixa com gesso e botinha por mais de 10 dias (foi péssimo ter que andar de muletas e faltar à gira por isso. Mobilidade é - quase - tudo). Depois uma crise de lombar que só me trouxe gatilhos: a última vez que tive uma dor parecida (e foi menos intensa) foi em 2015 pós-campanha e pós 3 calotes consecutivos (burnout!!!). Depois de tudo isso, quando pisei no chão a primeira vez com firmeza dos passos e das costas: comecei a sentir uma coceira na garganta que não era Covid mas, era alguma faringite que me deixou afônica por 3 dias. No dia da demissão, inclusive, eu tinha um fiapo de voz para agradecer....
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Sim, agradecer. Eu acho que se não fosse agora, seria daqui a pouco. Se não fossem eles, seria eu. Eu apenas escolheria um momento melhor que não impactasse tanto no fluxo. 3 horas depois da comunicação, eu apresentaria um orçamento e um cronograma importantes. Isso vai atrasar dois meses. Sim, porque eu não vou continuar me estressando com processos loucos, para encaixar múltiplos egos em cronogramas... e no fundo, EU SEI que é possível construir alta performance em projetos sem precisar adicionar os egos inflados ao processo como prioridade. EU SEI que é possível trabalhar com fluxo mantendo o respeito à equipe.
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E tudo o que eu tolerei nesses dias nessa produtora incluiu o oposto às minhas crenças e personalidade. Sobre isso, quero falar depois. Porque agora, na verdade, dois dias atrás, eu simplesmente menstruei. Eu já na menopausa. SIM! Nào sei se escrevi sobre isso aqui. Menstruei. Eu não sei se é resposta ao estresse ou ao alívio de ter saído da empresa. Só sei que é isso. Flui o rio através de mim mais uma vez e só resta "curtir", hahaha não posso dizer exatamente que eu estava com saudades. Todos os incômodos que essa época trazem foram rapidamente rememorados.
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Mas, o que me impressionou foi isso: a capacidade do corpo reagir, sem controle da mente consciente ou de mim (que não sou o ego, sou algo diferente disso tudo). O meu corpo reagiu ao que não queria fazer, adoecendo. Me gritando "não vai por aí" (entorse), "não diga mais nada" (faringite e afonia), "pare e descanse" (lombar), "(re)produza suas próprias sementes" (menstruação). Dei o sangue a vida inteira. De repente parei de dar o sangue... literalmente, talvez... Sei lá se é isso mas, essa são tentativas de explicar racionalmente um fluxo que não parece tão racional mas, eu sei que tem fundamento: somos múltiplos.
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E eu, entendo rápido as mensagens. Sei que agora eu preciso de um plano. E eu preciso parar. Dar um tempo. Talvez as mudanças que eu tinha pensado para 2026 precisem surgir agora. Imediatamente. Ou daqui a pouco. Talvez eu precise realmente parar agora. E por um tempo. Felizmente deu tempo de pagar as contas todas, tô sem dívidas e sem compromissos financeiros longos, tudo foi quitado, pago, tô em dia com o externo. Só não tô certinha comigo mesma. E acho que esse é o momento de pausar. Ouvir o que estão me dizendo.... o universo, espiritualidade e o eu-mesma que não alcanço (ainda).
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(Photo by Tom Fisk: https://www.pexels.com/photo/full-moon-in-black-background-15070167/)